Pedro M. Lourenço
Branco

Um manto branco caiu sobre o mundo, oferecendo à paisagem uma aura de paz e silêncio. O gelo paralisa, preserva, perpetua. Torna mágico aquilo que horas antes era simplesmente belo. E contudo…
Branco. Vivemos no planeta azul. Se pedirmos a alguém para desenhar a nossa Terra, usarão decerto o azul, possivelmente também o verde, o castanho, talvez até o amarelo. Mas quantos usarão o branco? Quantos se vão lembrar das nuvens que polvilham a atmosfera? Quanto vão recordar o branco que pinta os pólos do planeta, crescendo e encolhendo com as estações como o respirar de um imenso organismo vivo?
Enfeitado de virgindade, tão imaculada quanto monótona, o branco foi sempre uma cor injustiçada. Era a ausência de coloração. Mas tudo isso mudou no dia em que alguém pela primeira vez viu a luz atravessar um prisma e compreendeu que a luz branca contém em si todas as cores que fantasiam o nosso Universo.